DEFESA HISTÓRICA: O dia em que Lula peitou os EUA e defendeu Assange na ONU, em pleno solo americano

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou nesta terça-feira (25), em publicação nas redes sociais, a liberdade de Julian Assange, jornalista fundador do WikiLeaks, que deixou a prisão em Londres, no Reino Unido, após 1.901 dias preso. A libertação do homem que expôs crimes de guerra dos Estados Unidos foi possível graças a um acordo com a Justiça norte-americana.

“O mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso. Sua libertação e retorno para casa, ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa”, escreveu o presidente.

Esta não é a primeira vez que Lula se pronuncia publicamente em defesa de Julian Assange. O presidente brasileiro é um dos poucos chefes de Estado do mundo que historicamente apoia a causa do fundador do WikiLeaks de forma pública e já se reuniu com o pai de Assange em mais de uma ocasião.

Em setembro de 2023, por exemplo, Lula desafiou os Estados Unidos, país que condenou Assange à prisão, ao utilizar seu discurso na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, para pedir a liberdade do jornalista. Ao abordar o tema, foi aplaudido pelas delegações presentes no evento.

“É fundamental preservar a liberdade de imprensa. Um jornalista, como Julian Assange, não pode ser punido por informar a sociedade de maneira transparente e legítima”, declarou à época.

Na ocasião do discurso de Lula na ONU, Assange estava preso no Reino Unido após a Suprema Corte do país ter negado o direito de apelar da decisão que aprovava sua extradição aos EUA.

Em entrevista à Fórum, Giorgio Romano Schutte, especialista em Relações Internacionais que compõe o Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil da Universidade Federal do ABC (OPEB/UFABC), avaliou que a parte mais ousada do discurso de Lula na ONU foi justamente a menção a Assange, em pleno território do país que reivindicava a prisão do jornalista.

“Talvez a coisa mais ousada, que também ganhou aplausos, foi quando ele [Lula], nos Estados Unidos, estando em Nova York na ONU, mas no território dos Estados Unidos, falou da liberdade de imprensa e mencionou especificamente Assange. Ele já tinha feito isso, a defesa do Assange, em Londres. Talvez seja forte, porque é uma ferida dos Estados Unidos”, analisou Giorgio Romano.

À época, a página oficial do WikiLeaks, organização fundada por Assange, celebrou o fato de Lula ter defendido o jornalista e divulgou nas redes sociais o trecho da fala do presidente brasileiro.

Defesa de Assange também no Reino Unido
Em maio de 2023, Lula já havia defendido Julian Assange em outro território “hostil”: o Reino Unido, onde o jornalista estava preso. O presidente brasileiro estava no país para a coroação do Rei Charles III e, em coletiva de imprensa, disse que é “uma vergonha” a manutenção da prisão do fundador do WikiLeaks.

“É uma vergonha que um jornalista que denunciou as falcatruas de um Estado contra os outros esteja preso, condenado a morrer na cadeia, e a gente não fazer nada para libertar”, disse

“Eu já mandei carta pro Assange, já escrevi artigos, mas eu acho que é preciso um movimento da imprensa mundial na defesa dele, não na defesa dele enquanto pessoa, mas na defesa da liberdade de denunciar”, acrescentou.

Quem é Julian Assange
Julian Assange é um jornalista investigativo australiano e ganhou fama mundial ao fundar, em 2006, o grupo de ativistas WikiLeaks. A organização se destacou pela divulgação de aproximadamente 700 mil documentos confidenciais e militares dos Estados Unidos, com o objetivo de promover a transparência e responsabilizar o governo norte-americano por atos violentos e violações dos direitos humanos.

O WikiLeaks atingiu seu ápice em 2010, quando publicou uma série de documentos confidenciais vazados pela analista de inteligência Chelsea Manning. Entre os documentos divulgados estavam telegramas diplomáticos, registros de guerra e vídeos revelando atrocidades militares. Essas revelações causaram um grande impacto mundial.

A repercussão global das divulgações colocou Assange sob intensa pressão e várias acusações, incluindo espionagem e conspiração. Em 2012, buscando evitar a extradição para os Estados Unidos após uma ordem de prisão emitida pela justiça norte-americana, Assange se refugiou na embaixada do Equador em Londres, onde permaneceu por sete anos. Em 2019, após o Equador revogar seu asilo, Assange foi preso pelas autoridades britânicas.

Ao longo dos anos em que Assange ficou preso, surgiram uma série de denúncias de que o jornalista estaria sofrendo tortura e correndo risco de vida.

Fonte: Folha PB

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