Presidente do Senado por quatro vezes, Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou ao Valor que está trabalhando junto aos pares para que seja instalada, já no início de fevereiro, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os atos de terrorismo realizados por bolsonaristas radicais neste domingo.
Uma das primeiras medidas da CPI, garante, será pedir a extradição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso ele ainda não tenha retornado ao Brasil, para prestar depoimento no Congresso Nacional e ser investigado sobre eventuais vínculos com os criminosos.
“Bolsonaro pode e vai ser convocado. Tem que vir responder por crimes que cometeu. Além disso, ele agora será investigado na primeira instância”.
Calheiros diz que a nova CPI não deve poupar ninguém, nem mesmo militares. “Tem que ser objetivo. Aqui é a oportunidade para investigar tudo. Quem nas Forças Armadas colaborou, quem no empresariado financiou esses atos, quem na classe política facilitou”. Nesse sentido, o ex-presidente do Senado defende a cassação de mandato de parlamentares que a CPI prove terem participação no ato golpista de ontem, bem como investigação por omissão do atual Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras.
Um dos motivos para pedir a CPI a partir de 1 de fevereiro, lembra o senador, é a mudança de legislatura na data. Com isso, pedidos de CPI que hoje estão na fila para instalação são arquivados, e a CPI dos atos golpistas teria precedência.
Inimigo político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Calheiros quer, contudo, manter a CPI restrita ao Senado. “Lira estava até ontem abraçado com Bolsonaro e querendo aprovar cargo de senador vitalício para ele”, argumenta. Renan Calheiros é aliado político de longa data do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tendo inclusive emplacado o senador eleito Renan Filho (MDB), seu primogênito, como ministro dos Transportes.
Outra medida que Calheiros articula, mas no âmbito partidário, é que o MDB expulse o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, da legenda. Ibaneis foi afastado do cargo por 90 dias pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, na madrugada desta segunda-feira.
Fonte: É Notícia