Mãe Bernadete: Polícia baiana identifica suspeitos de assassinar a líder quilombola

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Marcel de Oliveira, o secretário de Segurança Pública da Bahia, anunciou neste quinta-feira (31) que a polícia baiana identificou os suspeitos de participação no assassinado da Mãe Bernadete Pacífico, morta com 12 tiros dentro da associação Quilombo Pitanga dos Palmares no último dia 17.

“Posso garantir que a investigação está bem adiantada, com autorias definidas e com prováveis motivações conhecidas. A família vai ter o resultado que precisa e merece receber em pouco tempo. No entanto, a investigação tramita em sigilo”, declarou para a imprensa.

Mãe Bernadete era uma das lideranças do Quilombo Pitanga dos Palmares, próximo a Salvador, região que segundo o secretário é uma “área conflagrada, que tem muitos interesses permeando”.

Na última quarta (30) o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) anunciou que os assassinatos de Mãe Bernadete e de seu filho, em 2017, serão acompanhados pelo Observatório das Causas de Grande Repercussão com apoio do Conselho Nacional do Ministério Público.

O assassinato

Bernadete Pacífico, Mãe Bernadete, Yalorixá Bernadete: estas são algumas das formas que os veículos de imprensa se referem a Maria Bernadete Pacífico, liderança do quilombo Pitanga dos Palmares, localizado em Simões Filho, ao norte de Salvador, na Bahia. Ela foi brutalmente assassinada com 12 tiros na noite de 17 de agosto em seu terreiro.

Seu neto Wellington Gabriel de Jesus dos Santos contou à polícia que antes de ser assassinada Mãe Bernadete pensou que os criminosos que invadiam sua casa seriam ladrões. “É assalto?”, perguntou, logo que os homens entraram.

Os criminosos então pediram para Mãe Bernadete desbloquear o celular. Também confiscaram celulares de Wellington e outros adolescentes que estavam no imóvel e mandaram que fossem para um quarto. Em seguida, já trancado no quarto, Wellington ouviu os disparos. Com o WhatsApp aberto no computador, ele pediu ajuda a outros moradores do Pitanga dos Palmares.

Os criminosos usavam roupas pretas, capas de chuva e capacetes. Segundo o relato do neto de Mãe Bernadete, teriam entre 20 e 25 anos e utilizaram uma moto para chegar e ir embora do quilombo.

Quem foi a Mãe Bernadete

Bernadete Pacífico era yalorixá de candomblé no quilombo de Pitanga dos Palmares e lutava pelo reconhecimento de suas terras, além de buscar justiça pela morte de seu filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho do Quilombo, outra liderança da comunidade quilombola que foi assassinada, no ano de 2017. O crime ficou sem solução, e Bernadete sempre levantou sua voz para buscar justiça.

“É uma luta de resistência, de sofrimento e de muito conflito e morte. Eu perdi meu filho por conta desses conflitos”, disse Bernadete em entrevista no Fórum Social Mundial de 2018.

Foi também em 2017 que a luta histórica de Bernadete para o reconhecimento do Quilombo Pitanga dos Palmares deu seu primeiro passo importante: mais de 289 famílias quilombolas numa área de 854,2 hectares de terras tiveram suas terras garantidas pelo Incra. Agora, falta a Fundação Palmares – que ficou quatro anos parada – reconhecer o território como quilombola. Infelizmente, ela não poderá ver isso.

Bernadete foi secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho (BA), município em que fica a comunidade quilombola, e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq).

Fonte:Revista Fórum

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