“Celular como chupeta é um erro total”, diz Priscila Cruz obre impacto das telas na infância

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“Essa história de dar na mão da criança um celular para ela ficar quietinha, usar celular como chupeta é um erro total”, resume ao CNN Entrevistas Priscila Cruz, presidente executiva do Todos Pela Educação, uma das mais respeitadas ONGs do país a acompanhar o tema.

O Senado aprovou o projeto de lei que proíbe o uso de celulares e aparelhos eletrônicos em escolas. O texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Priscila Cruz afirmou que é preciso restringir totalmente as crianças do acesso às telas.

“A infância é a explosão das conexões cerebrais e conexão que não é formada ou conexão que você não usa, ela vai embora, né? O cérebro, ele tem essa plasticidade. Se você não usa o cérebro, ele reconfigura, porque ele tá entendendo que essa pessoa não usa”.

A especialista em educação afirma ainda à CNN que a primeira infância é o principal período de formação da criança e o uso do celular atrapalha o desenvolvimento cognitivo.

“O ser humano é formado para aprender brincando e não é só ser humano, né? Se a gente vai analisar assim os mamíferos, até as formigas brincam quando elas são pequenininhas, então, é do humano, é da vida.”

E complementa: “A gente acha que ela só está brincando, mas o cérebro daquela criança tá num processo de desenvolvimento hiper acelerado. Se ela estiver com aquele celular ali, o corpo dela está estático, a informação tá vindo mastigada para ela, e aí ela tá perdendo uma fase de ouro de desenvolvimento e isso vai ter repercussões”.

A presidente executiva do Todos Pela Educação também afirma que é responsabilidade das famílias restringir o uso do celular em casa e ter a consciência de que se a criança tiver acesso ao celular, ela vai ter um desempenho cognitivo menor.

“Se você não aceita, restrinja o celular. Essa criança precisa estar no mundo, ela precisa brincar. A gente tem visto cada vez mais psiquiatra e psicólogo e menos, cada vez menos, médicos ortopedistas, porque a criança deixou de brincar, quebrar o dedo, de se ralar… o celular tem que ser restringido”.

Para a especialista, entretanto, isso vale para a primeira infância. Jovens e adolescentes não podem ser isolados do mundo, mas o uso também tem que ser controlado em casa.

“ A gente tem que estar sempre preocupado com aquele uso que é sozinho, que cria o vício. A gente fala tanto dos outros vícios como drogas, mas o celular é um vício também, um vício que tá no bolso, na bolsa o tempo inteiro”.

“Chuva de dopamina”

Priscila Cruz diz que a “chuva de dopamina” atinge em cheio os adolescentes — neurotransmissor do cérebro responsável pela sensação de recompensa.

“Sentiu ansiedade, pega o celular, sentiu solidão, ou tá ali sem ter o que fazer, pega o celular, então, tem que saber lidar com essas emoções da vida, tem que saber lidar com a ansiedade”, explica.

“Tem que saber lidar com o tédio. Tem que saber lidar com momentos de vazio na vida. Então a escola tendo a restrição ali no espaço escolar do uso individual do celular vai ajudar porque aí o aluno vai aprender a ficar horas sem o celular, mas é importante que na casa esse trabalho da escola tenha continuidade.”

A especialista pondera que a tecnologia precisa estar inserida na educação.

“O celular é um recurso individual que faz com que o aluno fique naquele universo só dele próprio, da rede social ou do jogo ali sozinho, perdendo uma série de oportunidade de aprendizagem que está acontecendo na escola porque ele tá ali com o equipamento dele, não é um equipamento pedagógico coletivo da escola esse uso do celular pessoal em atividades não relacionadas ao projeto pedagógico da escola, tem que ser restringido mesmo, então a gente é super favorável a ter a restrição do uso do celular na escola para esses fins. Mas a gente não pode confundir isso com a tecnologia, que é um impulsionador muito importante para educação”, finaliza.

Fonte: Política JP

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