Após os atos pró-golpe do último domingo (8) não surtirem o efeito esperado pelos grupos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliados golpistas passaram a propagar fake news de que haveria infiltrados na ação que depredou as sedes e tentou derrubar os Três Poderes, em Brasília.
Nos grupos de WhatsApp e Telegram, os mesmos que também disseminam mensagens organizando mais caravanas para a capital federal, protestos nas refinarias e paralisação de caminhoneiros, a mensagem mais compartilhada é de que haveria pessoas de fora do movimento, segundo monitoramento do NetLab da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Algumas delas diziam que vários ônibus estariam saindo de São Paulo levando “meliantes”, “torcedores da Gaviões” e “infiltrados do crime PCC” para “invadir o Congresso, Senado e o STF, dizendo que são a favor do Bolsonaro”.
Pelos vídeos divulgados nas redes sociais dos próprios participantes, no entanto, é possível ver que o histórico deles é de apoio ao ex-presidente. Alguns, inclusive, já são figuras frequentes em outros atos e têm registros contra o PT e a esquerda de modo geral.
“A maior parte das mensagens nos grupos bolsonaristas imputa todas as agressões à esquerda e aos movimentos sociais, e eles já vêm preparando essa narrativa desde novembro”, diz Marie Santini, coordenadora do NetLab, em entrevista à Folha de São Paulo.
Alguns dos presos de domingo também já admitiram que receberam promessa de dinheiro para participar dos eventos que tinham como alvo a democracia brasileira. A polícia federal investiga os organizadores e já teria identificado financiadores em 10 estados brasileiros.
O alerta atual é de que há pessoas comemorando o ataque e querendo ir além nos protestos de domingo. No Telegram, os discursos oscilam entre os que ainda esperam por alguma ação dos militares e os que dizem que as Forças Armadas já os abandonaram, defendendo inclusive uma radicalização ainda maior.
Pelo menos 1,5 mil pessoas já foram presas e estão sendo investigadas. Cerca de 200 já estão recolhidas nos presídios de Brasília, incluindo a Papuda.
O monitoramento de perfis no Twitter da Escola de Comunicação Digital da FGV mostra ainda a base de Bolsonaro buscando se desvincular dos casos de violência e tentando emplacar narrativa de infiltrados para fugir da responsabilidade de incitação ao crime de golpe de Estado.
Fonte: MaisPB