Dislexia é o distúrbio que aparece com mais frequência nas salas de aula

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A data de 16 de novembro é considerada nacionalmente o “Dia de Atenção à Dislexia”. De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), esse é o distúrbio que aparece com maior frequência nas salas de aula e atinge entre 5% e 17% da população mundial.

A dislexia é um distúrbio de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração. Embora seja associada à má alfabetização, desatenção e baixa inteligência, esse transtorno pode ser hereditário com alterações genéticas, ou desenvolvido em decorrência de um trauma. Por isso, é importante que a dislexia seja diagnosticada por meio de avaliação neuropsicológica.

A psicóloga Alessandra Araújo alerta para alguns dos principais sinais de dislexia na linguagem, como erros de pronúncia, dificuldade de nomear objetos, letras e números, se expressar de forma clara, entre outros. “Na escrita, se a criança recebe uma soletração, ela consegue entender, visualizar, mas ela não consegue, muitas vezes, colocar no papel aquela letra da palavra que foi soletrada. Às vezes eles omitem, às vezes ele substitui, inverte palavras de sons palatais, o ‘T’ e o ‘D’. E aí, inconsequentemente, ela vai ter uma dificuldade muito grande na questão dos vocabulários, das palavras, entender e interpretar um texto”, explica.

Por isso, pessoas com dislexia também sentem dificuldades em interpretar textos e escrever redações. “E são crianças que fogem muitas vezes desse processo de verbalizar em voz alta a leitura de textos. Ela vai sofrer bullying, ela vai sofrer uma piada dentro da sala de aula”, afirma a psicóloga.

Assim que identificados esses sinais, é importante procurar ajuda especializada. Alessandra explica que pessoas com dislexia muitas vezes são ridicularizadas, e isso pode levar ao desenvolvimento de uma baixa autoestima, além de comportamentos ansiosos e depressivos.

Por isso, o diagnóstico  é essencial para que a pessoa com dislexia consiga ser compreendida. “Porque aí eu vou conseguir entrar no contexto de chamar essa criança e falar: o que que você quis dizer? Você leva essa condição até para a pessoa também pensar, raciocinar e assumir esse lugar de que, sim, eu tenho um transtorno e eu preciso saber quais são as formas de lidar com esse transtorno”, explica Alessandra.

Rafael Braga, de 34 anos, psicólogo e especialista em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), descobriu a dislexia aos 24 anos de idade enquanto cursava psicologia. Ele afirma que isso ajudou a entender aspectos de sua vida, como quando era uma criança taxada de preguiçosa e que não conseguia aprender a ler. “Isso me dificultou bastante, porque potencializou muito a minha ansiedade, eu tinha medo de ler em público, eu morria de medo, eu tinha pavor de ler em público porque as pessoas iam rir de mim”, lembra.

O psicólogo diz que, por ter dificuldade em língua portuguesa, achou que nunca conseguiria passar em uma prova de redação, por isso não tentou ingressar em uma universidade pública e não estava certo de que conseguiria cursar uma faculdade.

Hoje, Rafael explica que ainda enfrenta algumas dificuldades, mas que, após receber o diagnóstico, conseguiu lidar com o transtorno e estudar da forma correta. “No dia a dia, até por ser um profissional que trabalha na área da saúde mental, eu não tenho vergonha ou dificuldade de falar. Às vezes eu vou fazer, por exemplo, um relatório que tem que ir pra juízo, então, às vezes seguem para um advogado, eu peço para fazer uma releitura e conferir”, explica.

Fonte: Brasil 61

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